O Lento Avanço da Tecnologia nos Hospitais

Autor(es): 

Libânia Rangel de Alvarenga Paes

Ano: 

2012

Artigo em Foco: Adoção da Tecnologia de Informação em Hospitais
 
Estudos mostram que informatizar a área de saúde contribui para melhorar a qualidade da assistência, reduzir custos e prover maior segurança para o paciente. Um levantamento realizado pela Oracle Healthcare Insight em mais de 270 hospitais americanos mostrou que o uso de tecnologia da informação (TI) nas áreas administrativas pode levar a uma redução de 4% nos custos operacionais – impacto gerado pela implantação de ferramentas de controle da cadeia logística, pagamentos eletrônicos e melhoria da qualidade das informações.
 
No entanto, pesquisas mostram que a adoção de ferramentas informatizadas em organizações do setor tem sido lenta. No estudo “Adoção da tecnologia de informação em hospitais”, Libânia Rangel de Alvarenga Paes, professora da FGV-EAESP, verifica que, de fato, sistemas de informação passaram a ser implantados nos hospitais brasileiros apenas recentemente.
 
A pesquisa foi realizada com uma amostra de 31 hospitais gerais ou especializados, entre os 199 hospitais existentes no município de São Paulo. Na amostra estudada, 45% dos hospitais estão ligados à administração direta do governo, 35% são organizações beneficentes e 19% são autarquias. Hospitais com fins lucrativos não fizeram parte do levantamento.
 
Todos os profissionais entrevistados informaram que seus hospitais contam com sistemas de informação instalados, mas apenas dois deles utilizavam-nos antes de 1997. Em 36% dos casos, a adoção de tecnologia para a gestão hospitalar ocorreu há menos de cinco anos. “Os dados mostram que o nível de adoção de sistemas de informação assistenciais vem crescendo nos últimos anos, com o aumento das implantações de novas funcionalidades ou ferramentas”, afirma Paes. “Se esta pesquisa tivesse sido realizada, por exemplo, há cinco anos, teríamos resultados quase 50% menores do que os atuais.”
 
Apenas 20% dos hospitais da amostra não trabalham com prescrição eletrônica. Nas organizações que oferecem o recurso, em média, 48% dos funcionários assistenciais utilizam a ferramenta. Cerca de 42% dos hospitais pesquisados já possuem o sistema PACS instalado, que integra equipamentos de diagnóstico por imagens e permite visualizá-las eletronicamente. Em todos os casos, esse sistema foi instalado há menos de seis anos e, em média, 63% dos funcionários assistenciais acessam-no.
 
A pesquisa revela um estágio inicial de uso de tecnologia. Para 52% dos entrevistados, os próximos projetos das áreas de TI envolverão a implantação de novas funcionalidades ou sistemas. Em seguida, entre as prioridades, ocorrerão a virtualização ou terceirização de dados (19% dos casos). Segurança, um item essencial, segundo a autora do estudo, aparece em apenas três das organizações pesquisadas (assim como os itens atualização e integração). “Com o aumento do uso de tecnologia e a questão ética de privacidade do paciente sobre seus dados, o tópico segurança talvez merecesse maior atenção”, afirma Paes.
 
O número de funcionários por computador variou entre 1 e 7. De acordo com outra pesquisa realizada pela FGV-EAESP, que serviu de base para Paes, empresas no estágio máximo de informatização possuem esse índice igual ou menor que 1. As que estão em estágio inicial trabalham com mais de três funcionários por micro – caso de 35% dos hospitais estudados.
 
De acordo com os resultados da pesquisa, a cúpula dos hospitais parece bastante envolvida com os investimentos em sistemas de informação: 84% dos pesquisados afirmaram que o comprometimento da alta direção nos esforços de informatização é alto. Em 32% dos casos, á área de TI tem um representante ligado diretamente à diretoria ou superintendência.
 
No geral, os hospitais com maior tecnologia médica e investimentos em equipamentos para diagnóstico e tratamento são os que utilizam TI há mais tempo. A autora do estudo explica que os dois tipos de tecnologia estão cada vez mais interligados. Quando uma organização investe em um aparelho de raios X digital e desabilita um equipamento analógico, o filme físico cede lugar à imagem eletrônica e libera os resultados diretamente para um banco de dados. “Essa integração entre as tecnologias tem se mostrado benéfica”, afirma Paes.
 
Entre em contato com a professora Libânia Rangel de Alvarenga Paes.