O Crime Organizado Reduz a Criminalidade

Autor(es): 

Ciro Biderman, Renato Sérgio de Lima, João Manoel Pinho de Mello e Alexandre Schneider

Ano: 

2014

Pesquisa em foco: Pax Monopolista and Crime: the case of the emergence of the Primeiro Comando da Capital in São Paulo.

A entrada do PCC em favelas do município de São Paulo gerou um monopólio dos crimes e levou a uma redução dos homicídios nessas comunidades e no seu entorno direto.

Objetivo: Verificar o impacto sobre a criminalidade decorrente da entrada do PCC nas favelas do município de São Paulo.

Raio X da pesquisa

• Tabulação dos dados do disque-denúncia para mapear a entrada do PCC nas favelas paulistanas.
• Cruzamento dos dados do Infocrim (banco de dados de crimes da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) com o mapa de favelas da prefeitura de São Paulo para localizar os indicadores de criminalidade por favela do município de São Paulo.
• Estimativa de alteração no padrão de criminalidade com a entrada do PCC na favela a partir das tabulações anteriores, a partir de modelo estatístico.

Resultados

• A entrada do PCC em uma favela gera redução nos homicídios nessa favela e em seu entorno direto.
• A entrada do PCC em uma favela não afeta outros tipos de crime na favela ou no entorno.

O que há de novo

• Pela primeira vez, foi possível mapear os efeitos da entrada do crime organizado em uma área informal. Os resultados indicam que o PCC criou um monopólio de crimes da favela. Como mostram outros estudos a respeito, o PCC acabou com a competição de gangues ao criar regras para o comércio de drogas, e também só permitiu crimes sob sua autorização.
• Parte da redução de homicídios verificada no estado de São Paulo deve-se ao próprio crime organizado, e não a uma ação da polícia.
• É difícil e perigoso tentar promover monopólios em mercados ilegais. A dominância do PCC nas favelas ajudou a reduzir os crimes violentos, mas o grupo criminoso tornou-se poderoso o suficiente para manter a cidade de São Paulo como refém pelo menos duas vezes depois de 2006. Um grupo criminoso forte, com grande participação em mercados ilegais, usa mecanismos de ameaça e suborno que estão fora do controle do sistema judicial, minando a capacidade do estado. Por isso, o governo precisa manter o monopólio da violência.

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