A Gestão Ambiental e a Estratégia Operacional das Empresas

Autor(es): 

Charbel José Chiappetta Jabboura, Eliciane Maria da Silvab, Ely Laureano Paiva e Fernando Cesar Almada Santos

Ano: 

2012

Artigo em foco: Environmental Management in Brazil: Is it a Completely Competitive Priority?
 
O envolvimento das empresas em práticas de gestão ambiental pode ser explicado por diversos fatores, entre os quais a expectativa de que haverá uma melhoria de seu desempenho. Algumas pesquisas já mostraram que ser proativo na gestão ambiental pode levar a resultados financeiros positivos e a uma maior eficiência operacional. As empresas tendem a aumentar seu valor de mercado quando conquistam certificados de gestão ambiental como a ISO 14001. Além disso, há evidências de que a integração da gestão ambiental com outras funções organizacionais pode resultar em melhor desempenho do marketing, da imagem da companhia e até no crescimento das vendas no exterior.
 
Uma das formas de integração da gestão ambiental com estratégia operacional é considerá-la uma prioridade competitiva, ou seja, um aspecto tão importante quanto custo ou qualidade. No entanto, parece não haver um consenso a respeito da influência da gestão ambiental nas prioridades competitivas de produção.
 
Diante da necessidade de realizar mais estudos empíricos sobre o tema, a proposta do artigo “Environmental management in Brazil: is it a completely competitive priority?” é responder à pergunta: a gestão ambiental pode ser considerada uma nova prioridade competitiva para as indústrias no Brasil? Para isso, os autores realizaram um estudo com 65 empresas brasileiras certificadas pela norma ISO 14001.
 
Os resultados da pesquisa mostraram que a gestão ambiental é considerada, parcialmente, uma prioridade competitiva de fabricação para empresas localizadas no Brasil. Por exemplo, as firmas tendem a substituir matérias-primas ou fornecedores para melhorar o seu desempenho ambiental. Assim, elas procuram explorar as competências ambientais dos fornecedores em vez de desenvolver suas próprias capacidades ambientais.
 
Esses resultados sugerem, também, que essas empresas entendem gestão ambiental como prioridade competitiva para fabricação usando os princípios do chamado 3R: redução, reciclagem e reutilização. Isso indica que as empresas adotam práticas de gestão ambiental relacionadas aos princípios de fabricação mais limpos, com mitigação do impacto ambiental dos primeiros estágios do processo de fabricação. São resultados relacionados com a fase de prevenção, de acordo com o modelo evolucionista de gestão ambiental.
 
Essa orientação preventiva requer práticas de gestão de recursos humanos, que capacitem os funcionários a trabalhar em programas de reciclagem e de reutilização, bem como no que diz respeito à racionalização dos insumos básicos. Portanto, nesse caso, o foco de uma empresa sobre a gestão ambiental pode ser caracterizado como uma prioridade competitiva limitada, porque outras práticas avançadas de gestão ambiental não estão presentes. Entretanto, mesmo praticando uma abordagem preventiva, a gestão ambiental das empresas influencia as quatro prioridades para uma gestão da produção voltada para a competitividade: custo, qualidade, flexibilidade e entrega.
 
Os autores observam que a gestão ambiental deve ser integrada a outras áreas funcionais. Por exemplo, as práticas inovadoras relacionadas à gestão ambiental, como a inclusão do tema no desenvolvimento de produtos, podem contribuir para aumentar a proatividade de gestão ambiental.
 
Os autores também observam as limitações da pesquisa, que foi focada exclusivamente no setor manufatureiro. Acrescentam que as conclusões devem ser consideradas com cautela, para as empresas não localizadas no Brasil. De fato, o contexto brasileiro para as questões ambientais é daquele de países  industrializados e, até mesmo, de outros países emergentes. Deve-se considerar, por exemplo, as diferenças em relação à economia, à legislação, à disponibilidade de recursos naturais e ao nível de envolvimento da população de baixa renda em atividades de reciclagem.
 
Há, ainda, que se considerar que o território brasileiro é extenso e há regiões isoladas em relação ao restante do País. Existem diferenças regionais em termos de desenvolvimento econômico, o que leva a diferenças no cumprimento da legislação. Tais fatores podem afetar a adoção da gestão ambiental como uma rotina organizacional.
 
Entre em contato com o professor Ely Laureano Paiva.
 

Conheça as pesquisas realizadas pelo professor Ely Laureano Paiva.