As Decisões do Copom e o Índice Bovespa

Autor(es): 

Walter Gonçalves Junior e William Eid Junior

Ano: 

2011

Artigo em foco: Surpresas com Relação à Política Monetária e o Mercado de Capitais: Evidências do Caso Brasileiro
 
O artigo “Surpresas com relação à política monetária e o mercado de capitais: evidências do caso brasileiro” investiga como decisões de política monetária afetam o mercado de ações no Brasil. O objetivo é mensurar e analisar as respostas do mercado acionário às decisões do Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (COPOM) em relação à taxa básica de juro, verificando o comportamento do índice agregado da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
 
Pressupõe-se que cortes não previstos na taxa de juros Selic proporcionem uma valorização das ações, já que abriria espaço para expansão da economia, com aumentos dos lucros e dos dividendos distribuídos pelas empresas. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, trata-se de um canal muito relevante.
 
Segundo os autores, o tema é importante, pois na formulação de suas políticas e na tomada de suas decisões, é uma informação crítica para a autoridade monetária ter estimativas confiáveis das reações dos mercados a partir de seus instrumentos. Para o mercado financeiro também é relevante, em virtude da influência exercida pela política monetária sobre as expectativas dos mercados. Conhecer estas estimativas representaria ter dados para a construção de posições e estratégias, tanto de investimento como de hedge, assim como para a gestão dos riscos implícitos às operações normalmente desenvolvidas em seu dia a dia.
 
A pesquisa parte da hipótese dos mercados eficientes e define uma medida que procura captar a surpresa gerada nos mercados a cada decisão do COPOM. As medidas foram baseadas em dados do mercado de futuros DI 1 dia, cuja frequência, liquidez e similaridade à taxa SELIC fazem desses instrumentos não somente ferramentas úteis, mas também versáteis para explorações sob diferentes horizontes e necessidades.
 
A partir dessas informações, mais as variações do Índice Bovespa, formou-se o banco de dados que respaldou o estudo. Entre as conclusões mais importantes destaca-se a de que o mercado acionário reage fracamente às variações diretas na meta da taxa básica de juro. Os agentes têm a capacidade de se antecipar às decisões do Banco Central. Porém, a pesquisa também observou que pode haver uma resposta relevante às variações inesperadas (tal como previsto pela hipótese da eficiência informacional dos mercados). Cada ponto percentual de incremento não esperado na meta da taxa básica pode estar associado a uma queda média de 1,3% do Índice Bovespa. Outro resultado interessante é que eventos de ruptura econômica parecem não interferir de modo robusto no padrão de respostas às surpresas.
 
Os autores ressaltam que os resultados originaram-se de um estudo essencialmente empírico, de modo que é preciso desenvolver modelos que abordem não apenas as variáveis e a formação dos preços, mas também investiguem outras implicações e desdobramentos teóricos.
 
Os autores também destacaram que a pesquisa parte da premissa de que a política monetária é exógena em relação aos mercados. Os mercados reagem às decisões do COPOM, e não o oposto. É preciso considerar a possibilidade de eventuais ocorrências de simultaneidade nas respostas de ambos, governo e mercados, a determinados eventos ou tendências verificadas na economia.
 
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