Como Negócios Chineses Conseguem se Financiar no Brasil

Autor(es): 

Hsia Hua Sheng e Wesley Mendes-Da-Silva

Ano: 

2014

Pesquisa em foco: The big family: informal financing of small- and-medium-sized businesses by Guanxi

A maioria dos empreendedores que se mudam da China para São Paulo evita bancos e prefere tomar empréstimos de familiares ou fazer acordos com fornecedores para estender prazos de pagamentos.

Objetivo: Verificar a existência de associações entre os vários níveis de Guanxi (rede de relacionamentos) e a capacidade de pequenas e médias empresas em obterem acesso a financiamento informal.

Raio X da pesquisa

• Envio de questionário em 2011 a 110 empreendedores chineses que emigraram para a cidade de São Paulo, com 26 respondentes.
• Realização de entrevistas para aplicação do questionário. A maioria dos respondentes foi do sexo masculino, que, além do chinês, fala português básico, possui um grau médio de educação e é dona de um comércio (bazar).
• Análise estatística de resultados (descritiva – frequência e médias – e teste não paramétrico considerando Mann-Whitney U test).  

Resultados

• Empreendedores chineses de São Paulo usam menos empréstimos de bancos do que financiamentos informais. Somente os entrevistados jovens e com formação superior afirmaram utilizar o crédito bancário para capital de giro. Os outros nem conheciam os procedimentos bancários.
• Empréstimos de familiares e crédito comercial (acordos informais entre empreendedores e fornecedores de modo a estender prazos de pagamento) foram as formas de financiamento mais relevantes para os empreendedores chineses sediados em São Paulo. Enquanto empréstimos de familiares são usados por aqueles com fortes laços de família, o crédito comercial é preferido por empreendedores com baixo nível de Guanxi (sem laços familiares e pouca participação em associações, religiosas e não religiosas).
• A relevância do financiamento informal estende-se para além das fases iniciais do negócio. Somente os empréstimos de amigos diminuem com o crescimento da empresa.
• Apesar de não fazerem empréstimos em bancos, vários empreendedores aplicam o caixa excedente em fundos de renda fixa.

O que há de novo

• O estudo mostra como é possível adaptar uma característica cultural e social oriental/chinesa a um mercado também emergente, mas ocidental (Brasil), e assim permitir a sobrevivência de negócios de chineses sem conhecimento e acesso aos mecanismos formais de financiamento de um outro país.
• A pesquisa revela que as formas de financiamento variam de acordo com os diversos níveis de Guanxi e que os mecanismos informais permanecem mesmo após a consolidação das empresas.
• Ao contrário do que se imaginava, os empreendedores chineses fazem operações com bancos no Brasil.

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