[INTRODUÇÃO] Sendo o trabalho uma das chaves de análise da Sociologia, e dada a emergência de discussões a respeito de marcadores sociais da diferença, esta pesquisa investiga o Programa TransCidadania sob a perspectiva da inserção profissional, situando-o nas políticas públicas de fomento à renda e empregabilidade do Município de São Paulo. Para tal, utilizam-se, como alicerce, debates sobre as transformações no mundo do trabalho e apontamentos sobre identidade de gênero, bem como elaborações a respeito de políticas públicas de empregabilidade, trabalho e renda. Com isso, busca-se apreciar os resultados do Programa TransCidadania paralelamente aos das iniciativas de fomento à renda e empregabilidade da Cidade de São Paulo, apresentando tanto desafios quanto aprendizagens que o TransCidadania traz para a administração pública. Além disso, procura-se apresentar o tema da identidade de gênero enquanto um marcador social da diferença e suas implicações para o mercado de trabalho. [METODOLOGIA] Para melhor averiguar as informações obtidas por meio de revisão bibliográfica, foram realizadas entrevistas semiestruturadas e análise de informações de diferentes canais de comunicação. As entrevistas têm três propósitos, sendo eles: (i) situar a fala do sujeito social a respeito de sua realidade; (ii) elaborar uma narrativa própria das políticas públicas de emprego, trabalho e renda da Cidade de São Paulo, tomando a Secretaria Municipal do Trabalho e Empreendedorismo (SMTE) como demiurga dessas medidas; (iii) compreender o funcionamento do TransCidadania em termos de fomento à empregabilidade, as pesquisas realizadas sobre esse programa até o momento. [RESULTADOS] De modo geral, a Cidade de São Paulo não tem dados que permitam mensurar os resultados das políticas públicas de emprego, trabalho e renda, nem informações básicas sobre seu funcionamento - realidade que se estende ao TransCidadania. Entretanto, foi possível constatar que as mudanças no mundo do trabalho, e também na definição de emprego, estão causando quebras de paradigma para a Secretaria Municipal de Trabalho e Empreendedorismo (SMTE). Além disso, observou-se que o TransCidadania atua na esfera da redistribuição do reconhecimento, sendo que, na perspectiva da empregabilidade, a Política enfrenta um desafio duplo para a inclusão de trabalho de suas beneficiárias e beneficiários: o limite próprio das políticas públicas de emprego, trabalho e renda; e os entraves da empregabilidade da população Trans. [CONCLUSÃO] A falta de maiores informações denota a pouca importância que se atribui e a baixa perspectiva de sucesso das políticas públicas de emprego, trabalho e renda no quesito inserção profissional, já que elas se tornam medidas paliativas frente a questões de ordem macroeconômica. É necessário que sejam elaboradas e disponibilizadas maiores informações a respeito do funcionamento do TransCidadania, tal como em outras iniciativas relacionadas à Secretaria Municipal do Trabalho e Empreendedorismo, considerando vetores como marcadores sociais de diferença. Em função disso, futuras análises e melhorias podem ser elaboradas contemplando as interseccionalidades presentes em seu público-alvo, considerando o potencial de reconhecimento e redistribuição contido nessas medidas.