PESQUISA EXPLORATÓRIA SOBRE A TENDÊNCIA DAS CADEIAS DE SUPRIMENTOS NO BRASIL – ÁGEIS OU ENXUTAS?

Autor(es): 

Juliana Carsoni Silva - Orientador: Prof. João Mário Csillag

Ano: 

2002

[INTRODUÇÃO] O mercado está cada vez mais globalizado. As preferências e desejos dos consumidores são inconstantes. Prever aquilo que as pessoas irão desejar é complicado e, acima de tudo, muito arriscado, constituindo, hoje, um dos principais desafios para as empresas que operam em mercados competitivos. As organizações, nesse contexto de transformações e incertezas, precisam, portanto, conseguir perceber rapidamente as mudanças no meio em que atuam e responder a elas da maneira mais breve possível. Para isso, o processo necessita ser mais dinâmico, enfatizando a customização, sem que sejam necessários aumentos nos custos de produção. Esse é o maior desafio das empresas que se utilizam manufaturas ágeis, conceito novo e ainda pouco utilizado no Brasil. Dada a importância do tema e o seu incipiente estudo no país foi realizada uma pesquisa exploratória para avaliar a tendência das cadeias de um grupo de empresas industriais que operam no Brasil. [METODOLOGIA] A pesquisa envolveu três principais etapas. A primeira delas foi uma pesquisa teórica em artigos e livros publicados no Brasil e no exterior sobre cadeias enxutas e ágeis, destacando as características de cada uma, bem como suas diferenças. A segunda etapa envolveu a realização de uma pesquisa exploratória em um grupo de 40 empresas industriais para avaliar a intensidade da utilização de técnicas ágeis e enxutas por cada uma delas. Essa pesquisa desenvolveu-se através da aplicação de questionários a gestores da área de Operações, Logística ou Marketing das empresas. Esses questionários foram divididos em quatro dimensões que destacam os principais pilares da agilidade. A terceira etapa envolveu dois estudos de caso em empresas do grupo analisado, buscando uma mais ágil (Amor Aos Pedaços) e outra mais enxuta (McDonald’s) para verificar na prática como funciona a utilização dessas técnicas. [RESULTADOS] Através da pesquisa exploratória, conclui-se que o grupo de empresas industriais brasileiras analisadas utiliza formas de produção e organização ligeiramente ágeis. Ainda não existe uma adoção profunda de técnicas ágeis em todas as dimensões. Em geral as empresas são mais ágeis em um aspecto e menos em outro. O que se pode notar, no entanto, é que já existe uma percepção por parte das empresas da importância de preocupar-se com o valor que os produtos e serviços geram aos consumidores. Muitos gestores entrevistados não estavam familiarizados com os conceitos das duas abordagens (ágil e enxuta). Apesar disso, percebeu-se que o mercado competitivo e em constante transformação impulsiona as empresas a utilizarem técnicas ágeis mesmo sem que elas tenham consciência disso. A agilidade parece começar a fazer parte do cotidiano das empresas. Em relação aos estudos de caso notou-se que as empresas apresentam agilidade diferente em cada uma das dimensões, mas mesmo as empresas menos ágeis como o McDonald’s já passam a preocupar-se com a customização. [CONCLUSÃO] Com o término desse trabalho podemos tirar duas principais conclusões: (1) o grupo de empresas analisado utiliza-se de técnicas com ligeira tendência à agilidade e (2) as duas empresas analisadas mais profundamente através dos estudos de caso possuem intensidades diferentes na aplicação de práticas ágeis em cada uma das dimensões. Ambas, porém, possuem cadeia de suprimentos híbrida e adaptam sua estrutura de acordo com o mercado que desejam atender. Quando comparado o estudo realizado no Brasil com o realizado na Inglaterra utilizando o mesmo questionário foi possível perceber que o grupo de empresas brasileiras é mais ágil do que o grupo inglês.

Departamento: 

ADM

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