Diferenças entre Empresas Britânicas e Brasileiras

Autor(es): 

Claudinê Jordão de Carvalho e Rafael Felipe Schiozer

Ano: 

2012

Artigo em Foco: Gestão de Capital de Giro: Um Estudo Comparativo entre Práticas de Empresas Brasileiras e Britânicas
 
O artigo “Gestão de capital de giro: um estudo comparativo entre práticas de empresas brasileiras e britânicas” apresenta os resultados de uma pesquisa sobre as práticas de gestão do capital de giro respondida por administradores de 447 micro e pequenas empresas (MPEs) sediadas nos estados de São Paulo e Minas Gerais. O trabalho ainda compara os resultados obtidos com uma pesquisa similar realizada com companhias do Reino Unido.
 
Os autores destacam que as diferenças legais, institucionais, de desenvolvimento e da sofisticação do mercado financeiro entre as economias britânica e brasileira são determinantes e influenciam a prática gerencial dos dirigentes.
 
Os resultados apurados mostram que as frequências médias de aplicação das rotinas de capital de giro dos brasileiros são superiores às dos britânicos, exceto quanto à prática de uso do orçamento de caixa. No Brasil, há uma atenção especial para o controle dos prazos de pagamento e de recebimento.

 
Em nosso país, identificou-se a existência de quatro tipos de empresas, com base na ênfase da gestão do capital de giro em: prazos, crédito, estoques e outros/sem foco específico. Já no Reino Unido, o componente prazo (justamente aquele com maior concentração de empresas no Brasil) não se mostrou importante, ao passo que o orçamento de caixa se mostrou um elemento essencial.
 
Descobriu-se, também, que as micro e pequenas empresas brasileiras revisam suas rotinas de capital de giro com mais frequência que as britânicas, o que corrobora a ideia de que as atividades relacionadas à otimização dos fluxos de caixa de curto prazo sejam mais importantes no Brasil, em virtude do maior custo do dinheiro.
 
Encontrou-se, ainda, evidência de que as empresas brasileiras ofertam menos crédito comercial que as britânicas e que os brasileiros se financiam menos com crédito comercial, na comparação com os britânicos. Esse resultado talvez se explique pelo fato de que a cadeia produtiva dessas empresas envolve, especialmente, outras de pequeno porte, com pouca capacidade de fornecimento de crédito comercial.
 
Os autores observam que é preciso interpretar os resultados com cautela. Primeiro, porque há uma diferença temporal de seis a oito anos entre os surveys aplicados no Reino Unido e no Brasil. O desenvolvimento tecnológico dos últimos anos e, em especial, o barateamento dos custos de softwares de gestão podem dar origem a realidades bastante distintas quando se comparam as rotinas adotadas em momentos diferentes.
 
Tomando como base os resultados das entrevistas individuais realizadas com dirigentes, foi possível identificar o impacto que as inovações tecnológicas e financeiras recentes tiveram nas finanças das empresas estudadas. A adoção de tecnologias de informação e de cartões tem reduzido a necessidade de captação de financiamento tradicional via bancos por essas empresas, pois as administradoras de cartões utilizam limites automáticos de antecipação de recebíveis para as empresas conveniadas. Assim, pode-se afirmar que o relacionamento comercial entre fornecedores e clientes, e não o bancário, parece ser um recurso valioso e relevante para os dirigentes brasileiros.
 
Outro motivo para cautela é que a amostra brasileira restringe-se a dois dos estados mais ricos do Brasil. Assim, é provável que as empresas dessas regiões apresentem gestão financeira mais sofisticada e maior acesso a crédito externo (bancário e/ou comercial), quando comparadas a empresas de outras regiões do País. Assim, é possível que a MPE típica brasileira apresente diferenças ainda mais acentuadas em relação às empresas britânicas.
 
Entre em contato com o professor Rafael Felipe Schiozer.
 
Conheça as pesquisas realizadas pelo professor Rafael Felipe Schiozer.