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[INTRODUÇÃO] Na sociedade neoliberal em que vivemos, tudo que o indivíduo vivencia e consome desde o momento em que entra em contato com a sociedade o leva acreditar que ele é o único responsável por seu sucesso ou fracasso. Ele se torna uma empresa em busca da maximização de seus lucros e em concorrência com todas as outras empresas, leia-se todos os outros indivíduos. A racionalidade neoliberal cria empresas formadas por apenas um indivíduo que tem que constantemente investir em si mesmo em todos os âmbitos de sua vida. Nesse contexto, essa pesquisa visa contribuir para o entendimento de alguns dos impactos do neoliberalismo na subjetividade desses indivíduos. [METODOLOGIA] Para isso, escolhemos a Fundação Getulio Vargas como campo de estudo. Fizemos uma coleta de dados dentro da faculdade que procurou encontrar mecanismos que promovam a competição entre os alunos e demonstre busca deles pela autovalorização. Durante a pesquisa, foram escolhidos 4 aspectos para serem estudados: a nota global, o intercambio, as disciplinas obrigatórias e as entidades estudantis. Depois, selecionamos apenas um desses aspectos, as entidades estudantis, para fazer uma pesquisa mais detalhada por meio de entrevistas em profundidade com os alunos. [RESULTADOS] A hipótese de que a presença da racionalidade neoliberal justifica o alto grau de adesão dos alunos às entidades pode ser confirmada. Entretanto, outra hipótese foi levantada durante as entrevistas que também pode esclarecer o engajamento dos alunos nessas organizações: a formação de vínculos de amizade. A entidade é um espaço de formação de grupos, vários entrevistados citaram os amigos feitos na entidade como o principal motivo de estarem na organização. As entidades são uma tentativa de suprimir um deserto afetivo da FGV; uma hipótese levantada é de que por causa do ambiente tão competitivo que é a faculdade os alunos encontram na entidade um refúgio e um espaço mais seguro. [CONCLUSÃO] A conclusão é de que a entidade funciona de forma dúplice. Por um lado, ela funciona como um investimento na empresa de si de cada indivíduo, o que faz com que o aluno precise trabalhar à exaustão e passar por diversas experiências extenuantes com a justificada de um engrandecimento do eu. Por outro, a entidade proporciona um ambiente para formação de laços afetivos que não se encontra em outros espaços da FGV, já que os alunos passam grande parte de seu dia nessas atividades e participa de viagens de integração entre os membros, além deles estarem envolvidos em projetos em comum.