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[INTRODUÇÃO] O estudo analisa a atuação dos estudantes secundaristas da rede pública de ensino ante o governo do estado de São Paulo, durante a chamada reorganização escolar, em 2015. A referida tentativa de reorientação da estrutura escolar paulista, defendida pelo então governador Geraldo Alckmin e por seu secretário de educação, Herman Voorwald, motivou uma sequência de atos organizados pelos estudantes que identificavam tais medidas como negativas. O embate entre estudantes e representantes do governo paulista se estendeu para diferentes frentes de disputa de narrativas, incluindo-se meios de comunicação, ruas das cidades, espaços administrativos pertencentes ao governo estadual e, sobretudo, as escolas públicas.[METODOLOGIA] A pesquisa empreendida lançou mão de diferentes materiais que compuseram um corpus documental da contenda considerada. A partir desse referido corpus, realizou-se um estudo de caso que teve como recorte temporal o intervalo entre 23 de setembro e 4 de dezembro de 2015. Constam, entre os materiais consultados, documentos oficiais emitidos pelo governo estadual, comunicados divulgados pelos estudantes secundaristas organizados, além de reportagens e textos opinativos, publicados tanto em mídias tradicionais – jornais impressos – quanto também em mídias digitais e alternativas. No que diz respeito ao aporte teórico da pesquisa, realizou-se uma análise da literatura pertinente ao tema dos movimentos sociais em sua interface com a juventude. [RESULTADOS] Os resultados obtidos pela pesquisa indicam a incapacidade, por parte do estado paulista, de realizar uma implementação democrática da política de reorganização da estrutura escolar no caso estudado. Ao dispensar o diálogo e a contribuição dos estudantes secundaristas ao debate, o governo do estado fracassou na imposição horizontal de uma política educacional, resultando na perda de sua legitimidade frente à sociedade civil organizada. A insistência no erro, visível nas tentativas de dissuasão dos estudantes através de repressão policial, terminaram por agravar essa incapacidade de gestão democrática, abalando de maneira profunda a imagem do governador e do secretário de educação. [CONCLUSÃO] À guisa de conclusão, pode-se afirmar que o estudo de caso identificou um novo padrão de atuação dos estudantes secundaristas frente ao poder público paulista. Durante o processo investigado, os estudantes se valeram de novas categorias discursivas, ancoradas em referenciais teóricos diferentes daqueles costumeiramente relacionados à atuação do movimento estudantil nas grandes cidades brasileiras. Para além da renovação lexical, a mudança de referenciais também se fez presente, entre os estudantes secundaristas, quando das tentativas de implementação de uma militância horizontal, divergente dos padrões de hierarquização majoritariamente relacionados aos movimentos sociais já consolidados.